sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Cartilha para gestantes

A reportagem abaixo é muito interessante, traz uma cartilha para gestantes que foi elaborada através de uma pesquisa de uma enfermeira obstétrica. Boa leitura!

Beijos.


Pesquisa de enfermeira da USP constata que futuras mães se submetem ao parto inseguras
Paloma Oliveto

Publicação: 25/01/2010
O resultado positivo no exame de sangue é motivo de comemoração, mas também de muitas dúvidas para as mulheres. Mães de primeira viagem e até mesmo as que já passaram por uma gestação costumam se sentir inseguras, e nem sempre o médico tem tempo para esclarecer os questionamentos sobre todas as etapas da gravidez. O que já era uma desconfiança virou certeza para a enfermeira obstetra Luciana Magnoni Reberte, da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP). A partir de uma pesquisa patrocinada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ela constatou que, da fase pré-natal ao puerpério, as mulheres recebem pouca orientação sobre as mudanças que vão acontecer na vida delas.

As dúvidas das gestantes estimularam a enfermeira a escrever uma cartilha, vencedora da oitava edição do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o Sistema Único de Saúde, promovido pelo Ministério da Saúde. Disponível gratuitamente pela internet, a publicação tem como objetivo desmistificar as principais dúvidas acerca da gravidez e, assim, garantir um parto seguro para a gestante.

A cartilha foi elaborada com a ajuda das próprias grávidas. Luciana montou um grupo formado por oito gestantes e quatro futuros pais no Hospital Universitário da USP. “No começo, a proposta era fazer um trabalho sobre os desconfortos corporais e emocionais, mas abrindo espaço para saber quais as dúvidas mais comuns”, conta. Em nove sessões, surgiram diversos questionamentos: desde perguntas sobre alimentação a preocupações com a saúde do bebê. Depois de fazer uma pesquisa em São Paulo, a enfermeira obstetra constatou que não havia nenhuma publicação gratuita totalmente voltada para o esclarecimento de questões práticas. Na segunda fase da pesquisa, ela construiu o texto, que foi aprovado por profissionais da área da saúde e por um grupo de outras nove gestantes.

“Muitas vezes, vi que as mulheres chegavam até mesmo à fase da amamentação sem ter tido nenhuma informação prévia sobre isso. Nem todas as gestantes têm acesso a informações e possuem alta escolaridade. Mas mesmo as que têm costumam ficar cheias de dúvidas”, diz Luciana. Ela afirma que, no geral, as consultas com o obstetra são muito rápidas, e o profissional tende a se concentrar em aspectos mais técnicos, como auferir a pressão da grávida, verificar o colo uterino e auscultar o coração do bebê. “A gestante acaba não tendo abertura para fazer perguntas e, às vezes, o médico acha que ela já sabe tudo”, conta.

A cartilha de Luciana é a prova de que os profissionais muitas vezes desconhecem o grau de informação de seus pacientes. As mulheres que participaram da pesquisa não sabiam, por exemplo, se o pai poderia acompanhar o parto. Outra dúvida foi com relação ao corpo. Uma das gestantes queria saber se a barriga nunca mais voltaria ao normal e também perguntou em quanto tempo poderia voltar a praticar exercícios físicos. A amamentação foi mais um motivo de questionamento: “Se a mãe não amamentar na hora porque está trabalhando, o bebê ainda vai aceitar mamar no peito?”, perguntou uma grávida.

Ansiedade
Há dois anos, a enfermeira Luana Fernandes Souza Belfort coordena os cursos para gestantes oferecidos gratuitamente pelo Hospital Brasília. Por três dias, mães e pais participam de aulas que vão do pré-natal aos primeiros cuidados com o bebê. As grávidas e os parceiros têm palestras sobre psicologia, enfermagem, pediatria, obstetrícia e anestesiologia. Luana conta que todas chegam muito ansiosas, com dúvidas, principalmente, sobre a saúde da criança. “Os pais, agora, também querem saber de tudo, perguntam bastante e querem ajudar”, diz.

De acordo com Luana, para os pais, tudo é novidade; por isso, surgem diversas perguntas. Uma gestante já chegou a questionar se poderia tomar banho de piscina, pois tinha medo de a água fazer mal ao bebê. “Mesmo as que estão na segunda gestação têm muitas dúvidas. É difícil encontrar uma mulher que esteja bem tranquila”, afirma. Mãe de Rafael, recém-nascido, a própria enfermeira, de 27 anos, se tornou ouvinte durante a gravidez. Ao lado de outras mães, ela fez o curso como participante. “Foi bem legal, é uma outra visão. Eu também tinha preocupação com o trabalho de parto prematuro e de o meu filho precisar ir para a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo)”, conta. “Eu ficava ansiosa porque tinha muita cobrança. As pessoas achavam que eu não podia ter nenhuma dúvida, mas a gente sabe que a teoria é bem diferente da prática”, admite.

Para a psicóloga Fátima Franco, coordenadora da Clínica Florescer, que oferece cursos para gestantes, a falta de esclarecimento pode comprometer a saúde da mulher e do bebê. “Com o medo e a ansiedade, a pressão sobe, a glicose desregula e há ameaça de parto prematuro”, conta. “Todas essas questões são psicossomáticas”, afirma Fátima, que há 27 anos presta orientação a gestantes e, como doula — acompanhante de partos — , já acompanhou de perto 657 procedimentos.

Segundo ela, o primeiro e o último trimestre são os que mais trazem dúvidas e medos às mulheres. “Nos três primeiros meses, abordamos o medo do desconhecido. As grávidas têm receio de contar para as amigas e sofrerem um aborto espontâneo. Também é preciso falar sobre as mudanças, como o ganho de peso e a falta de desejo sexual”, diz. Já quando o parto se aproxima, elas temem a dor e pela saúde do bebê. “Preparação com exercícios, massagens e respiração correta levam a grávida a ter maior consciência do processo do parto. Dessa forma, o parto fica mais rápido e menos doloroso”, diz. Para Fátima, é fundamental que as gestantes tenham acesso a uma cartilha, na qual possam tirar suas dúvidas.

A enfermeira obstetra Luciana Magnoni Reberte gostaria de ver a sua cartilha sendo distribuída pelo Sistema Único de Saúde. Apesar de o trabalho ter vencido um prêmio do SUS, o ministério ainda não se manifestou sobre a publicação do livro em grande escala. “Tem ocorrido uma procura voluntária, de enfermeiros ou empresários que querem doar para os seus clientes. Mas meu interesse principal é o de socializar a informação”, diz Luciana.

Leia a cartilha Celebrando a Vida, de Luciana Reberte

http://stat.correioweb.com.br/cbonline/2010_01/cartilha.pdf

Viagem a Pelotas II

O segundo momento especial da minha viagem, foi o encontro com uma colega de profissão.
Isane D´Ávila, psicóloga, atende gestantes e mães no pós-parto e acompanhamenta partos (doula). Ela faz parte da Assoc. de Psic. e Saúde Pré e Peri Natal e da La Leche League . Já nos conhecíamos através da lista das "doulas do Brasil" e eu já desconfiava que tínhamos pontos de vista em comum. Não deu outra, falamos durante uma hora sem parar, faltou tempo. Duas mães e com trabalhos semelhantes, muitas trocas!

Quem mora em Pelotas e Jaguarão, ou só quiser conhecer mais do trabalho da Isane, vale a pena acessar o blog:

http://blogdagestante.zip.net

Beijos.

Viagem a Pelotas

Em meados de janeiro viajei a Pelotas para visitar parentes. Teria sido um passeio como nos outros anos, mas houve dois acontecimentos que tornaram minha viagem mais especial.

O primeiro foi o nascimento do meu sobrinhoneto, Artur (filhos de Michele e Alemão). Logo fui me oferecendo para ficar na maternidade e pude acompanhar os primeiros dias da nova família. Foram momentos maravilhosos, as primeiras trocas de fralda, as mamadas, ver o casal se tornando mãe e pai, minha cunhada se tornando avó. Foram momentos marcantes e sinto-me honrada por ter podido participar desta linda estreia.

Um beijo.

P.S. saudades do Artur!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Parto natural é três vezes mais seguro


Existem situações onde a cesariana é indicada, tanto por questões de saúde da mãe , como do bebê. Porém atualmente muitas intervenções cirúrgicas deste tipo estão sendo realizadas sem que haja necessidade. Então vale a pena conhecer mais sobre o parto natural e saber quando a cesariana está sendo sugerida por questão de comodidade ou de saúde. O conhecimento nos leva a fazer escolhas mais conscientes.
Abaixo a matéria que saiu no site do IG, boa leitura. Beijos!!!

Pesquisa da OMS mostra que cesarianas desnecessárias aumentam risco para mãe e bebê

Fernanda Aranda, iG São Paulo | 15/01/2010
Foto: Getty Images

Cesarianas: nas rede privada elas já são 84% de todos os partos
Em meio à epidemia de cesarianas que enfrenta o Brasil, segundo palavras do próprio Ministro da Saúde José Gomes Temporão, a Organização Mundial de Saúde (OMS) acaba de divulgar um novo estudo sobre o risco desta opção cirúrgica, quando feita sem necessidade médica: os partos naturais são quase três vezes mais seguros para mães e bebês.

A pesquisa feita com 107 mil mulheres, todas da Ásia, identificou que quando a criança nasce por meio das cesáreas sem indicação por quesitos médicos, a mortalidade da mãe, a necessidade de fazer transfusão de sangue e o encaminhamento dos bebês após o nascimento para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) são 2,7 vezes com mais freqüentes.

O alerta foi feito com base em um índice alarmante: 27,3% das asiáticas avaliadas na pesquisa foram submetidas a cesarianas, taxa alta comparada aos 15% preconizados pela OMS, porém bem inferior ao índice encontrado entre as brasileiras. Do total de partos no País, 43% são cesáreas. Quando na conta entram apenas os procedimentos realizados em maternidades particulares, o registro sobe para 84%, informou ano passado a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Comissão do parto natural

O índice é recordista mundial, afirma o Conselho Federal de Medicina (CFM) e, apesar dos esforços do governo para reduzir as taxas, o efeito foi inverso. O cenário é de aumento de cesarianas já que em 2000, 80% dos partos em unidades privadas em saúde eram deste tipo.

Em muitos casos, lamentam os especialistas, a escolha pela cesárea é por motivos banais. Data de aniversário no mesmo dia do que a mãe, agendas complicadas, mês ou signo preferidos já apareceram como justificativa. Ano passado foi noticiado que alguns casais marcaram a cesárea para o dia 09/09/09 só por causa do ineditismo da data.

A atriz e apresentadora Fernanda Lima foi escalada pelo Ministério da Saúde para tentar ajudar na mudança de quadro. Na época em que estava grávida de gêmeos, ela fez propaganda sobre a importância do parto natural. A causa também virou bandeira do CFM que criou no final do ano passado uma comissão especial para cuidar do assunto.

“Fizemos um fórum em novembro de 2009 e reunimos obstetras, pediatras e mulheres para tentar reverter o quadro, em uma parceria sugerida pela ANS”, afirmou o médico pediatra José Fernando Vinagre, coordenador da Comissão de Parto Natural do CFM. “Já sabemos que para a reversão dos índices precisamos que os hospitais tenham condições de oferecer excelência no atendimento e realização do parto natural. Por isso, este ano, começamos a visitar as maternidades por todo País e vamos fazer uma ampla pesquisa com os obstetras para identificar quais são as principais demandas e falhas atuais”, completou Vinagre. A pesquisa deve ser concluída em julho e a esperança do Conselho e traçar outro paradigma de maternidade.

9 horas contra 90 minutos

Com relação aos médicos, a rotina atribulada de trabalho – mais de 70% atuam em dois ou mais empregos revelou censo feito pelo Conselho de Medicina de São Paulo – pode ser um dos motivos. É sabido que alguns trabalhos de parto chegam a durar nove horas e a maior parte das cesáreas podem ser feitas em uma hora e meia. Apesar disso, as vantagens do parto natural são incalculáveis, informa o Ministério da Saúde.

Estudos internacionais já demonstram que fetos nascidos entre 36 e 38 semanas, antes do período normal de gestação (40 semanas), têm 120 vezes mais chances de desenvolver problemas respiratórios agudos e, em conseqüência, acabam precisando de internação em unidades de cuidados intermediários ou mesmo em UTIs neonatais. Além disso, no parto cirúrgico há uma separação abrupta e precoce entre mãe e filho, num momento primordial para o estabelecimento de vínculo.

Males da mulher moderna

Entender os motivos que fazem as mulheres priorizarem a cesariana também foi o foco de uma enquete realizada por pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Eles acompanharam de perto 23 grávidas que acabaram fazendo cesárea. Ao perguntar a opinião delas sobre o aumento crescente de mulheres que fazem uma cesárea, o principal fator foi o medo das dores do parto e o desconhecimento das vantagens do parto normal. “Algumas mulheres do setor privado destacaram a possibilidade de programar o parto devido à vida agitada da mulher contemporânea, em vez de esperar pela imprevisibilidade do parto normal”, afirmam os pesquisadores nos Cadernos de Saúde Pública, veículo em que o estudo foi publicado.